segunda-feira, 14 de março de 2016

DERROTA




DERROTA
O fotógrafo conseguiu, nesse "tableau vivant", elaborada montagem que nos remete aos frisos dos chamados "arcos do triunfo", portais comemorativos às batalhas vencidas e aos feitos de seus soberanos e heróis, passar as mesmas qualidades de tirania, opressão, ameaça, rixa, desavenças, maus tratos, desonra, degradação e medo que encontramos nos significados da carta 5 de Espadas, no tarot.
Os personagens da cena ou estão exercendo um poder de coerção, subjugando os demais, destituindo-lhes de toda a dignidade e capacidade de resistência, ameaçando-os de extinção, ou então, são as vítimas, escorraçadas em seus cantos, depostas de sua valentia e orgulho, temerosas com os acontecimentos, desistindo de lutar o bom combate.

Todas essas características as vemos replicadas na imagem criada por Pamela Colman Smith para o 5 de Espadas encomendado pelo ocultista Arthur Edward Waite para o seu tarot.
Em primeiro plano, um homem, com olhar irônico, segura 3 espadas, enquanto 2 se encontram caídas ao chão, como se lá estivessem abandonadas pelas outras duas figuras masculinas que se afastam, em direção ao mar. Nuvens cinzentas, ameaçadoras em seu formato pouco ortodoxo, cobrem o céu.




Esse é o tipo de carta que tanto pode ser aplicada, em seus significados, ao vencedor, como ao vencido. Ambos, afinal, estão vivendo o mesmo tipo de conflito. Assim como ela pode representar um momento em que estamos sós, sem ninguém para nos ajudar, num momento de derrota e humilhação, sentindo-nos fracos, abatidos, sentimentalmente derrotados, espiritualmente combalidos, essa carta também pode referir-se ao fato de estarmos na posição daquele que busca dominar, magoar, desestabilizar e finalmente destruir o outro. Encontramos esse tipo naquele que faz questão em ser um "Cruzado" de alguma causa, crença ou ideologia, sempre procurando, de todas as maneiras, impor sua "verdade" aos outros.

De qualquer forma, essa derrota deveria ser aceita de forma passiva, corajosamente, sem luta, sem rancor e com paciência, pois é algo que temos que viver, do qual não podemos fugir. Faz parte do nosso destino e, muitas vezes, é o resultado de atitudes ou hábitos auto-destrutivos, ou mesmo da falta de pensar melhor nas possíveis consequências que esses atos acarretam. Somos, em diversas ocasiões, motivados por simples falta de bom senso e humildade, a enfrentar batalhas já de antemão perdidas, de onde sairemos feridos, traumatizados, unicamente porque não soubemos aceitar nossas próprias limitações, reduzir o orgulho, desinflar o ego e desistir da luta.

E o que resta no campo de batalha, após essa luta onde todos, no fundo, são perdedores? Mágoas profundas, extensas cicatrizes, pensamentos mórbidos, sentimentos derrotistas, medo de tentar novamente e uma grande incerteza sobre o futuro.

Alex Tarólogo

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