quarta-feira, 13 de abril de 2016

PÂNICO




PÂNICO

Poucas coisas são piores do que as consequências de fantasias mórbidas. É algo que desestabiliza por completo qualquer ser humano. A imaginação, que é o produto da atividade cerebral unida a algo muito mais impalpável, mais elevado, que poderíamos chamar de espiritual, às vezes nos prega peças.
O corpo reage imediatamente, com descargas seguidas de adrenalina que só fazem aumentar vertiginosamente a ansiedade, a sensação de perigo e morte eminentes.
Um pavor irracional e absoluto toma conta do indivíduo, que se sente totalmente desprotegido, à mercê de algo que ele não compreende, não visualiza corretamente e que se confunde com a realidade. Tontura, sudorese, taquicardia, paralisia momentânea, necessidade de fugir sem saber exatamente do quê ou para onde são alguns dos sintomas mais comuns.

Quando a pessoa acometida desse mal consegue superar a vergonha de confessá-lo e procurar ajuda terapêutica adequada, o processo de cura é mais ou menos rápido, dependendo em quanto essa absoluta e injustificada sensação de insegurança está, neuroticamente, instalada e sedimentada no sujeito.
Síndrome de Pânico é o nome popular dado a esse conjunto de sintomas motivados por uma alteração química, ou qualquer outro motivo que a ciência e os terapeutas profissionais, justifiquem o desencadear de medos, terrores, angústias totalmente injustificados.

A figura clássica da mulher sentada em sua cama, no meio da noite, com as mãos segurando a cabeça, e com 9 espadas pendendo sobre si, é uma excelente ilustração para essa síndrome.
A ideia de isolamento e imobilidade para fugir, de viver às escuras, sem saber quando, onde ou porque será acometida novamente por um surto, tentado, com as mãos, impedir que o cérebro libere imagens aterrorizantes, foi perfeitamente detalhada, a pedido do criador desse maço de cartas, o Waite, pela artista Pamela Colman Smith.



É pura imaginação, e depois de diagnosticado, o indivíduo sabe disso. Sabe que seus pensamentos, naqueles momentos, não refletem nenhuma condição real, que é um processo de breve duração, às vezes pouquíssimos minutos. Sabe também que respirar tranquila e ritmicamente, evitar entrar em desespero tentando o que parece ser impossível, ou seja, relaxar, irá ajudar na brevidade da crise. Mas enquanto ela dura, ainda que sejam alguns intermináveis segundos, é uma experiência que parece ser semelhante aos instantes que antecedem uma morte violenta.

Hoje, observando a imagem que ilustra este comentário, encontro nelas claros sinais desse tipo de tormento mental. O medo incontrolável ao sentir, sem conseguir justificar, que algo de terrível está para acontecer. Que o planeta vai girar fora de sua órbita e estaremos vagando na infindável escuridão espacial, que a água do banho de chuveiro irá nos afogar, que acordaremos completamente desmemoriados, sem saber quem somos, que sofreremos uma crise durante uma viagem de avião e que correremos até a porta da cabine, abrindo-a e causando a queda do aparelho... Soturnos delírios da imaginação. Pânico.

Mas no Tarot, quando temos escuridão na representação da carta, simboliza que, além daqueles limites reina a luz. A luz que revela a verdade, que esclarece os fatos, que elucida os problemas, que elimina as assustadoras sombras e sons ouvidos à noite.
É preciso aproveitar os momentos mais iluminados para buscar ajuda profissional adequada e, também, conscientizar-se de que nada de concreto, verdadeiro, premonitório ou espiritual existe naqueles terríveis momentos de crise. Que tudo não passa de mera fantasia e, como toda fantasia, tem data para acabar e não deve e nem pode competir com a verdade, a lógica e a razão.

Alex Tarologo

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Um comentário:

  1. Medo...
    Vontade de dar um grito,
    ou calar-se para sempre
    De ficar parado, ou correr
    De não ter existido
    ou deixar de existir (morrer)
    Não há razão quando a mente não funciona
    (redundante, não?)
    Vão extinguindo-se as questões
    mesmo sem respostas
    Perde-se, neste estágio,
    a vontade de saber.
    O futuro é como o presente:
    É coisa nenhuma, é lugar nenhum.
    Morreu a curiosidade
    Morreu o sabor
    Morreu o paladar
    parece que a vida está vencida
    Tenho medo de não ter mais medo.
    Queria encontrar minhas convicções...
    Deus está em um lugar firme, inabalável,
    não pode ser tocado pela nossa falta de confiança
    Até porque, na verdade, confio nele
    O problema é que já não confio em mim mesmo
    Não existe equilíbrio para mentes sem governo
    A química disfarça, retarda a degradação
    mas não cura a mente completamente
    E não existem, em Deus, obrigações:
    já nos deu a vida, o que não é pouco,
    a chuva, o ar, os dias e noites
    Curar está nele, mas, apenas retardaria a morte
    já que seremos vencidos pelo tempo
    (este é o destino dos homens)
    e seremos ceifados num dia que não sabemos
    num instante que mira nossa vida
    e corre rápido ao nosso encontro lentamente
    (ou rasteja lento ao nosso encontro rapidamente?)
    Sei lá...
    Mas não sei se quero estar aqui
    para assistir o meu fim
    Queria estar enclausurado, escondido...
    As amizades que restam vão se extinguindo
    e os que insistem na proximidade
    são os mesmos que insistirão na distância,
    o máximo de distância possível.
    A vida continua o seu ciclo
    É necessário bom senso
    não caia uma árvore velha, podre, sobre as que ainda estão nascendo.
    Os que querem morrer deixem em paz os que vão vivendo
    Os que querem viver deixem em paz os que vão morrendo
    Eu disse bom senso?
    Ora, em estado de pânico não se encontra bom senso
    nem princípios, nem razão, nem discernimento,
    nem força alguma
    Torna-se um alvo fácil
    condenável pelos que estão em são juízo
    E questionam: onde está sua fé?
    e respondo: ela estava aqui agora mesmo...
    ela não se extingui, mas parece que as vezes se esconde de mim...
    o problema é que, quando a mente está sem governo
    (falo de um homem enfermo)
    é como um caminhão que perde o freio
    descendo a serra do mar...
    perde-se o contato com a fé e com tudo o que há...
    e por alguns instantes (angustiantes)
    não encontramos apoio, nem arrimo, nem chão, nem parede, nem mão...
    ah... quem dera, quem dera...
    que a mão de Deus me sustente neste instante...
    em que viver é tão ou mais difícil que conjulgar todos os verbos...
    porque sou, neste momento
    a pessoa menos confiável para cuidar de mim mesmo...
    tenho medo, medo...
    medo de perder o medo
    de sair da vida pela porta de saída...
    medo de perder o medo
    de apertar o botão "Desliga"...

    http://progcomdoisneuronios.blogspot.com

    .

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